Segundo a noiva...

O início de tudo

Nos conhecemos em 1983. Eu com 16 anos completos e ele com 20 anos incompletos. Por possuirmos amigos em comum, sempre nos esbarrávamos em alguma reunião ou festinha que alguém promovia. Década de 80... uma época maravilhosa. As festinhas dos adolescentes sempre eram familiares e ocorriam sob os olhares atentos dos pais. E as músicas? Ah... romantismo puro. Os meninos suavam a camisa para conseguir uma dança com alguma garota, pois era nas "musicas lentas" que eles iriam usar toda a sua lábia para conquistar a garota dos sonhos.

Em julho de 1984 ele apareceu em minha residência onde estávamos comemorando o aniversário do meu irmão. Na época eu namorava uma pessoa cujo relação não andava muito boa e, a partir de outubro de 1984, com o término desta relação, nossa amizade cresceu.

Todos os dias, de segunda a sexta, ele me esperava no ponto de ônibus guardando lugar na fila para mim e íamos trocando figurinhas durante todo o trajeto. Por incrível que pareça nunca olhei para ele com outros olhos senão de amizade, afinal ele era comprometido. Em janeiro de 1987 perdemos contato. Ambos haviam mudado de endereço no trabalho e os horários não batiam mais. 

O antes dele

Neste ano reatei com meu antigo namorado (hoje pai dos meus filhos), 2 anos depois nos casamos e após 10 anos, nos separamos. Como meus filhos eram pequenos, só vivia para eles. Voltei a morar com meus pais, tive 2 relacionamentos, mas nada que me trouxesse segurança, paz de espírito e alegria.

Em 2016 perdi meu pai. Um homem íntegro e honesto, com muitos defeitos como todo ser humano, mas com um coração enorme que não cabia no peito... era meu porto seguro. Em 2017, há exatos 16 meses, minha mãe partia deste plano para se encontrar com meu pai em uma vida melhor. 

Talvez por isso não me interessava por ninguém depois da separação. Tinha pessoas muito importantes para mim que precisavam de meus cuidados: primeiro meus filhos e depois meus pais. A partida deles deixou um vazio enorme em minha vida e, para suprir me entreguei ao trabalho, mas orava a Deus que colocasse em meu caminho um homem integro, honesto, trabalhador, amigo, companheiro, cumplice, carinhoso... Sabia que tudo junto seria difícil, mas... para quem acredita, nada era impossível.

Exatos 30 dias após a partida de minha mãe, durante um evento não muito legal (velório de amiga em comum) um homem, por trás de mim, diz a seguinte frase: "Eu conheço essa voz!" Como é possível uma pessoa ser reconhecida 30 anos depois por sua voz? Pois é... quando me virei confesso que não o reconheci de cara, mas ele me reconheceu como se nunca houvesse deixado de me ver ou de falar comigo.

Na mesma hora disse que não me deixaria escapar novamente, mas por obra do destino, não foi possível trocar contatos e veio a brilhante ideia dele me procurar no Facebook e me mandar uma mensagem por lá. Acreditam que durante esses 30 anos ele não se casou? Pois é... a garota com quem ele estava namorando/noivando não deu certo e, segundo ele, passou todos esses anos se lamentando nunca ter se declarado.

Vocês devem estar se perguntando se foi tudo muito rápido, afinal eram 30 anos de espera... NÃO! Não tenho costume de acessar redes sociais a não ser em datas específicas. Sim, meus amigos, só lembrei de falar com ele em janeiro de 2018 quando fui responder mensagens de felicitações. Depois dessa troca de contatos, conversamos muito por Zap, mas meus horários e dias nunca ajudavam e nosso primeiro "encontro" ocorreu apenas em fevereiro. Lógico que foi muita conversa, declarações e surpresas, principalmente para mim que nunca havia desconfiado de seu interesse. No final da noite, ao nos despedirmos, roubou-me um beijo e me pediu oficialmente em namoro. Foi tudo muito rápido e, lógico, demorei para processar todas as informações. O sim veio acompanhado de algumas verdades que o deixou muito confuso, mas não o afastou de seu verdadeiro desejo.

E sabem o que é mais incrível? Meus filhos estudaram por 4 anos consecutivos numa escola que ficava em frente à residência dele e nunca nos encontramos. Como é possível? Acredito que Deus tinha outros planos para nós. E o momento certo só poderia se tornar realidade após a partida de meus pais. 

Ele é realmente tudo isso que pedi a Deus em oração e um pouquinho mais... lógico que possui alguns defeitos, afinal ele é um ser humano... mas, para suportar a minha personalidade difícil, é um super homem. 

O pedido de casamento ocorreu durante a festa matrimonial da minha filha com a ajuda da cerimonialista e sob os olhares atentos de meus familiares. Apesar de não ter nenhum anel ou aliança, foi o pedido mais inusitado e sincero que já havia presenciado.

O advento Pandemia em 2020 fez com que ele se mudasse para minha casa, afinal ele possuía 2 tias/irmãs idosas com comorbidades graves e não podia correr o risco de contaminá-las. 

E assim estamos vivendo juntos sob o mesmo teto há 5 anos. Acredito que eu tenha passado na prova, afinal ele ainda está comigo e espero que possamos encerrar nossa trilha juntos daqui pra frente até que Deus resolva nos chamar.